A “uberização do trabalho” é um termo que se popularizou nos últimos anos para descrever um fenômeno cada vez mais comum: a expansão de modelos de trabalho intermediados por plataformas digitais. O nome faz referência direta à empresa Uber, mas o conceito vai muito além dos motoristas de aplicativo.  

O livro “Uberização: a Nova Onda do Trabalho Precarizado”, de Tom Slee, aprofunda essa discussão, mostrando como a uberização combina precarização, desregulamentação, concentração de renda e perda de direitos trabalhistas conquistados historicamente. 

Neste conteúdo, vamos entender o que é a uberização do trabalho, por que ela ameaça direitos básicos dos trabalhadores e como o cooperativismo surge como um caminho viável para construir relações de trabalho mais justas e sustentáveis. 

 

Os riscos da uberização do trabalho: o que está em jogo? 

A ideia central da uberização do trabalho é simples: em vez de contratos formais, vínculos diretos e garantias trabalhistas, as plataformas oferecem oportunidades de trabalho sob demanda — muitas vezes vendidas como alternativas de “autonomia” para o trabalhador. No entanto, na prática, o modelo escancara a precarização das relações de trabalho. 

Basta olhar ao redor no seu dia a dia: entregadores de comida e motoristas de aplicativos, por exemplo, são profissionais que dependem de algoritmos para receber chamados, ganham por tarefa realizada e precisam arcar com todos os custos do trabalho.  

A uberização não é apenas uma mudança na forma de trabalhar é, também, uma transformação profunda no modelo econômico e social. O discurso sedutor de “ser seu próprio chefe” muitas vezes mascara o aumento da exploração. 

Além disso, o livro evidencia que a uberização do trabalho amplia desigualdades. O trabalhador não tem voz para negociar prazos, preços ou condições. O risco, que antes era compartilhado entre empregador e empregado, é transferido inteiramente para o indivíduo. 

Com menos direitos e mais competição, os trabalhadores se tornam facilmente substituíveis. Com isso, surgem outros problemas graves:  

  • Perda de autonomia real: embora se fale em flexibilidade, na prática o trabalhador está sujeito à demanda imprevisível e à lógica do “estar sempre disponível”.  
  • Desigualdade crescente: a receita gerada por motoristas e entregadores é dividida de forma desigual, reforçando a concentração de renda nas mãos de poucos acionistas das plataformas.  
  • Desregulamentação e ausência de direitos: as relações trabalhistas diretas são substituídas por contratos precários, quando existem. Não há garantias de salário mínimo, férias, 13º salário ou cobertura previdenciária. Ou seja, em caso de doença, acidente ou baixa demanda, o trabalhador fica sem proteção. 
  • Erosão da organização coletiva: com vínculos fragmentados, fica muito mais difícil mobilizar sindicatos, acordos coletivos ou redes de solidariedade – cada trabalhador se torna uma “ilha” isolada.  

Esses pontos revelam que o problema não é só econômico — é social e político. Quando a uberização se espalha, o que está em jogo é o enfraquecimento das comunidades, da organização coletiva e da construção de uma sociedade mais justa. 

O trabalhador é, na prática, um “empreendedor de si mesmo”, mas sem as condições reais para empreender de fato. Em outras palavras, a uberização não precariza apenas o trabalho, mas também mina laços de solidariedade, cooperação e cidadania. 

Diante de tudo isso, pensar alternativas é urgente. O cooperativismo não é a única resposta, mas se destaca como uma saída concreta para resgatar a dignidade do trabalho, a segurança econômica e a força das comunidades. 

Como o cooperativismo se opõe a esse modelo 

Neste cenário, o cooperativismo é uma alternativa para reverter os impactos negativos da uberização. Uma vez que, de forma resumida, cooperativas são organizações formadas por pessoas que se unem para atender necessidades econômicas, sociais e culturais comuns.  

Em vez de trabalhar para gerar lucro apenas para acionistas, todos os membros são donos do negócio. Em vez de competir individualmente, as pessoas cooperam para crescer juntas. Assim, o cooperativismo fortalece a autonomia real, a segurança econômica e os vínculos comunitários. 

Enquanto a uberização fragmenta, o cooperativismo conecta. Enquanto a uberização concentra renda, o cooperativismo distribui. E enquanto a uberização isola, o cooperativismo organiza coletivamente. 

Por que o cooperativismo é o caminho para o futuro do trabalho? 

Enfrentar a uberização não é simples, mas é necessário. O cooperativismo oferece uma alternativa sólida porque resgata princípios esquecidos pela lógica das plataformas: justiça social, democracia econômica e bem-estar coletivo. 

Esse modelo está alinhado a tendências globais como a economia solidária, que busca equilibrar geração de renda com responsabilidade social e ambiental. É também uma resposta concreta para quem quer exercer sua profissão com dignidade, sem abrir mão de direitos conquistados ao longo de décadas de luta trabalhista. 

Em um momento em que muitos sentem que estão sozinhos diante das incertezas do mercado, o cooperativismo prova que é na coletividade que se constrói um futuro de trabalho mais humano, sustentável e verdadeiramente transformador. 

O cooperativismo na prática 

A proposta da Coopersap nasceu do ideal de criar um modelo sustentável para consultores, clientes e sociedade. Baseada nos sete princípios do cooperativismo, a cooperativa organiza o trabalho de forma democrática: todos são comprometidos com os resultados e todos ganham com o sucesso coletivo. 

Esse modelo mostra, na prática, que é possível conciliar eficiência, inovação e trabalho digno. Um caminho que resgata valores fundamentais como solidariedade, participação e divisão justa dos resultados. 

É olhando com dedicação para o vínculo da cooperativa com cada cooperado, que o ecossistema se beneficia como um todo, desde clientes atendidos e seus respectivos usuários SAP até os clientes do cliente. 

Pensar o trabalho é responsabilidade de todos nós! 

A uberização do trabalho, como alerta o livro “Uberização: a Nova Onda do Trabalho Precarizado”, é um fenômeno que precisa ser compreendido, debatido e superado. Seus impactos — precarização, desigualdade e concentração de renda — não podem ser normalizados. 

Em contrapartida, o cooperativismo é real, prático e sustentável. É a prova que é possível fazer diferente: unir profissionais, compartilhar responsabilidades e resultados, fortalecer comunidades e construir relações de trabalho mais justas. 

Cada profissional pode, a partir de pequenas escolhas, apoiar modelos mais justos: consumir de quem coopera, participar de iniciativas colaborativas, divulgar experiências positivas e buscar se engajar em projetos que equilibram tecnologia e responsabilidade social. O futuro do trabalho depende de todos nós. É hora de olhar além da lógica imediatista e construir alternativas que valorizem quem faz o trabalho acontecer.  

Para saber mais sobre como o cooperativismo pode transformar realidades, conheça experiências como a da Coopersap — e descubra que outro caminho é, sim, possível.